É preciso paz para sorrir

Esta semana apresentamos uma história fictícia, mas que pode ser o roteiro da realidade de algumas famílias.

 

É preciso paz para sorrir

Trancado em seu quarto, Pedro estava perdido em seus pensamentos. Sentiu um calafrio no corpo, sentiu medo e se encolheu em sua cama.

Lembrou-se de sua mãe e de seus conselhos. Pensou também em sua irmã, Paty, que há alguns dias lhe perguntava:

– Pepe, o que está acontecendo com você?

Ele sempre abaixava a cabeça, não tinha coragem de olhar em seus olhos e respondia:

– Nada, Paty, está tudo bem.

Patrícia, que ele chamava carinhosamente de Paty, insistia sempre e o enchia de perguntas.

– Como assim, Pedro? Você anda tão quieto, não brinca mais como antes. Olha seu vídeo game, seu skate! Há quanto tempo você não sai para brincar com seus amigos? Parece que está sempre triste. Quando quiser falar, estou aqui, irmãozinho. – disse ela, preocupada.

– Estou normal, Paty – respondeu Pedro.

Patrícia não se conteve.

– Então sorria, irmão!

Agarrou Pedro e começou a fazer cócegas em sua barriga.

– Sorria Pepe!

E dando gargalhadas, Pedro sentiu o carinho da irmã e, por um momento, se entregou à brincadeira, rindo com ela.

Na cama, Pedro abaixou a cabeça. Por um minuto quis gritar e sair correndo, mas como? Não podia! Passava das 23 horas, já era para estar dormindo e, pior, amanhã era dia de prova na escola.

Puxou o cobertor, cobrindo a cabeça. Chorou baixinho em seu travesseiro, até adormecer.

Acordou assustado, com sua mãe batendo na porta.

– Levanta, filho, vai perder a hora! Se arrume logo, hora de ir para a escola!

Pedro estremeceu. Hora de ir para a escola, hora da tortura! Ainda bem que era sexta-feira – pensou ele.

O dia passou rápido para alguns, menos para Pedro, que teve que aguentar as gozações dos colegas, os apelidos desagradáveis, os empurrões, os tapas e as ameaças.

Assim que a van escolar parou no prédio, Pedro saiu correndo e foi para seu quarto. Ufa! Agora sim, teria uma folga! Sábado era dia de ficar com sua avó.

Pedro estava ansioso e nem conseguiu dormir direito. Quando ouviu os passos de sua mãe, saiu correndo do quarto, com mochila nas costas, preparado para o passeio.

Sua mãe o deixou no rancho e foi trabalhar. Ele abraçou sua avó, tão forte, tão demorado, que ela percebeu que havia algo diferente com ele.

Sábado, no final do dia, sua avó se sentava na varanda e ficava ouvindo seus discos de modas de viola. Pedro adorava este momento. Às vezes o disco arranhava e ficava repetindo a mesma frase. Ele deitava a cabeça no colo de sua avó. Além da música era hora do cafuné.

Vó Maria foi fazendo carinho enquanto começou a tocar sua música preferida: Tocando em frente. Dona Maria começou a cantar. Pepe ouvia e sentia a felicidade da avó. Quando ouviu ela cantar: “é preciso paz para poder sorrir”, uma lágrima escorreu de seus olhos. Não conseguiu se segurar e chorou. Paz era o que ele queria.

Vovó Maria se preocupou e com jeitinho, começou a conversar. Pedro sentiu-se seguro, acolhido e desabafou. Contou tudo o que sofria na escola, falou das agressões e ameaças, das tantas vezes que tentou conversar com seus pais e eles não o ouviam. Só queriam saber das notas boas e o comparavam à irmã. Diziam que o colégio era bom, que ele iria se acostumar e que sua única obrigação era estudar. Quanto sofrimento havia naquelas palavras!

 

Num abraço demorado, vó Maria se perguntou o porquê de tanta dor e como os pais não perceberam.

– Vovó, o que tem de errado comigo? Por que me tratam assim? – Pedro perguntou.

– Não há nada de errado com você, meu querido! Não é sua culpa se os meninos são grosseiros. Sinto muito que tenha passado por isso, estou aqui com você. Vamos resolver isso juntos, esta história acabou.

Acabou… que alívio! Ele aconchegou-se junto a sua avó e, como se fosse um disco arranhado, Pedro ouviu ecoar em seus ouvidos a frase:

– É preciso paz para poder sorrir…

 

Silvia Maria dos Santos Amâncio Ribeiro

C.E. Luz do Caminho – CELUCA

Regional Vale do Paraíba

 

E você, leitora, leitor, o que sentiu ao ler esta história? Como imagina que ela possa continuar? Deixe seus comentários, vamos adorar recebê-los.

One Thought to “É preciso paz para sorrir”

  1. Maria eliana

    Está faltando muitas avós nos lares… Esta história poderia terminar com uma convocação de mães, pais e avós participando de uma reunião estratégica inibindo o buling nas escolas.
    Poderia terminar também com a avó conversando com os pais do menino para que aprendessem a ouvir mais sobre as necessidades
    de seu do filho.

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