Iniciamos em 2023 um grupo de trabalho para pensar em ações com vistas à inclusão da pessoa com deficiência na Evangelização Infantil. Imediatamente meu olhar começou a buscar materiais que pudessem nos auxiliar.
Certa vez, numa feira de livros, me deparei com um que me chamou à atenção: Artes Visuais na Educação Inclusiva – metodologias e práticas do Instituto Rodrigo Mendes1.
Embora seja sobre a experiência de ensino de artes visuais, a proposta de educação inclusiva me pareceu importante para enriquecer o olhar sobre este aspecto.
Está sendo uma grata leitura conhecer a experiência de um dos autores, Rodrigo, sobre como começou o trabalho de atendimento a pessoas com deficiência, tendo ele se tornado também uma delas, e a evolução desse atendimento, consoante as novas perspectivas.
Chamou muito a atenção o trecho em que ele descreve sua participação no congresso internacional sobre deficiência no Rio de Janeiro (DEF Rio), em 1995, onde teve contato com a definição da UNESCO, ou filosofia, como ele diz:
Em resumo, tal filosofia propõe que essas pessoas [com deficiência] devem conviver com o restante da sociedade em condições de igualdade, seja qual for a dimensão considerada: educação, trabalho, lazer, etc. Além disso, o processo de transformação da sociedade em um ambiente mais democrático, acessível a qualquer cidadão, passava a ser visto como uma responsabilidade compartilhada por todos. (p. 37)
A partir de 1996 a escola, então chamada Associação Rodrigo Mendes, deixou de ser exclusiva para pessoas com deficiência e assumiu o desafio de tornar-se inclusiva, recebendo todo tipo de alunos, de diversas origens sociais, com diversas características físicas e cognitivas.
Destacamos também este trecho sobre a importância da arte e sua relação com a educação inclusiva:
…temos variadas linhas de pensamento sobre educação… Essas teorias partem do pressuposto de que a arte rompe com o predomínio lógico-matemático das disciplinas escolares. Oferece ao educando outras portas de acesso ao desenvolvimento de seu potencial. (p. 49)
Nos cursos de formação de evangelizadores da infância temos ressaltado o caráter educativo desta tarefa. De acordo com estudos da neurociência e da pedagogia, aprendemos sobre a importância da diversificação de atividades, a fim de atendermos aos diferentes modos como as crianças aprendem2. O uso da arte como forma de expressão pode oferecer muitas possibilidades, úteis para o desenvolvimento espiritual de todas as crianças, com ou sem deficiências.
Como o livro é de 2010, fiquei curiosa por saber se a instituição ainda existe. Uma rápida pesquisa na internet mostrou que sim. No site do Instituto3 é possível encontrar cursos online gratuitos, voltados para a educação inclusiva, abertos a qualquer pessoa interessada. Há também uma plataforma, denominada Diversa4, cujo objetivo é o compartilhamento do conhecimento sobre boas práticas de educação inclusiva, para quaisquer pessoas interessadas. Nela podem-se encontrar artigos, materiais pedagógicos, relatos de experiências, estudos de casos e outros.
Encerro este texto com uma reflexão de um dos autores do livro, José Cavalhero, sobre o conceito de inclusão:
Que parâmetros definem quem deve ser incluído, e em quê? Acho que não dá para pensar numa equivalência, isso não existe. Precisamos valorizar as diferenças em suas potencialidades. O que nos interessa é a possibilidade de cada um deparar-se com as diferenças e aprender com elas. Aí está a grande inclusão: eu sou autônomo com minhas competências e habilidades, assim como eu também quero que você seja com as suas. (p. 133)
Maria Filomena Cordeiro Lopes
Equipe de apoio à Evangelização Infantil – AEE
Referências:
1 GITAHY, Ana Maria, Artes visuais na educação inclusiva: metodologias e práticas do Instituto Rodrigo Mendes. Ana Maria Gitahy, José Cavalhero, Rodrigo Hübner Mendes. – São Paulo, Peirópolis, 2010.
2 MOYSÉS, Lucia. Como aprendemos? Teoria e prática na educação espírita. 1ª edição, julho/2009, Editora EME, Capivari, SP.
