Que fizestes da criança confiada à vossa guarda?

Que fizestes da criança confiada à vossa guarda?1

É uma reflexão que cabe especialmente àqueles que têm a responsabilidade de aproximar, de conduzir uma alma até Deus. Todo Espírito, todos nós estamos encarnados aqui para progredir!

Mas… como eu, pai ou mãe, posso cumprir essa tarefa no meu dia a dia? Como cumprir meu dever sem usar sermões, punições e sanções? São perguntas que nos chegam com frequência na entrevista da Assistência Espiritual e na Escola de Pais.

Em teoria é simples: dando o exemplo, tendo claro que estou educando meu filho para que ele seja “educado” (e não simplesmente “polido”) com base nos ensinamentos de Jesus.

Para isso, vamos imaginar algumas situações:2

1) Uma criança de 5 anos vai a uma festa de aniversário acompanhada pela mãe. Há uma bela mesa com o bolo, enfeitada com docinhos e entre eles, brigadeiro. Nesta festa, as crianças “atacaram” o brigadeiro, antes da hora de cantar o “Parabéns”. Somente aquela mãe não permitiu que seu filho fizesse o mesmo.

E se isso fosse com você? Como agiria?

Dar limites, educar para que a criança saiba esperar, que possa conter uma “vontade” (apesar de arcar com o custo da frustração de não saborear o brigadeiro) é permitir que o filho consiga ver além de si mesmo e de suas vontades imperiosas, que possa enxergar o próximo e respeitá-lo. Afinal, ensiná-lo a ser “esperto”, a tirar vantagem individual da vida, pode ter um custo muito mais alto no futuro do que pode parecer no presente.

2) Um menino de aproximadamente 4 anos, diante da prateleira de chocolate de um supermercado se mostra birrento, teimoso, bate os pés, rola no chão, ameaça derrubar a prateleira se a mãe não lhe comprar um monte de chocolates. Em volta, uma porção de espectadores observam a cena. A mãe, sem usar de violência física ou erguer a voz, que se mantém firme e sem demonstrar raiva, propõe uma escolha ao menino: Ou leva só um ou não leva nenhum!

E se isso fosse com você? Como agiria?

Está aí uma oportunidade de exercitar o “sim, sim; não, não”!

Vemos muitas vezes os pais cederem para não ter que enfrentar o incômodo da birra ou se descontrolam e batem no filho birrento. Poucos educam, impõem limites aos filhos para a questão do ter. Se os pais não lhes ensinam a aceitar sua escolha, as crianças sofrerão na vida e farão outros sofrer.

Situações como essas no nosso dia a dia nos fazem observar que para agir como um verdadeiro cristão, precisamos lutar contra nós mesmos, precisamos assumir responsabilidades policiadas pela própria consciência, agir com honestidade absoluta, respeitar os patrimônios alheios, cumprir as obrigações pela simples satisfação de ter realizado uma boa tarefa sem esperar gratificação, ver no semelhante um irmão, preservando a ordem e a disciplina onde estiver, cumprindo os regulamentos estabelecidos em qualquer setor de atividade social. Esse exemplo cabe a cada um de nós, pais e responsáveis pelos pequeninos para transformá-los em homens de bem.

 

Sandra Regina Pizarro

CE Vinha de Luz

Regional SP Centro

Referências:

1 O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 14, item 9

2 O Livro dos Pais, vol. I, editora Aliança.

https://aliancalivraria.com.br/produto/103170/livro-dos-pais-o