Acessibilidade atitudinal
Acessibilidade atitudinal
Para este primeiro texto do ano, na semana voltada à Escola de Pais, escrevo sobre uma questão muito importante que é como acolher a família, como manter os pais atuantes na Evangelização Infantil.
De acordo com dados de 2021, obtidos a partir do cadastro das casas, 52% dos centros da Aliança não possuíam Escola de Pais. A espiritualidade tem nos alertado sobre a urgência em se estruturar esta parte do trabalho, com diversas recomendações que envolvem mais estudo e renovação.
Em 2024 fiz o curso A perspectiva inclusiva na Evangelização Espírita, ofertado pela FEB. Recordo aqui um dos muitos assuntos: acessibilidades, no plural. E destaco dois trechos do rico material de estudo:
Acessibilidade atitudinal – Implica a desconstrução de preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminação de pessoas por quaisquer motivos, em especial relacionados às deficiências.
Para a prevenção e o enfrentamento de atitudes preconceituosas e discriminatórias, é recomendável que os Centros Espíritas adotem programas de conscientização e sensibilização voltados aos trabalhadores e frequentadores da instituição.1
O grifo acima é meu, para destacar que a acessibilidade atitudinal pode ser usada não apenas quando nos relacionamos com pessoas com deficiência, e sim com todos, de modo geral.
Desconstruir preconceitos, estigmas, estereótipos… é fundamental para o acolhimento fraterno dos que se aproximam de nós. Para estabelecer uma conversa construtiva com pessoas é necessário considerá-las com respeito. O acolhimento será bem-sucedido se eu ficar pensando a partir de estereótipos? Por exemplo, coisas como:
Certamente que não. É sempre bom nos lembrarmos da passagem do Evangelho a seguir:
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Então, os escribas e os fariseus lhe trouxeram uma mulher que fora surpreendida em adultério e, pondo-a de pé no meio do povo, — disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher acaba de ser surpreendida em adultério; — ora, Moisés, pela lei, ordena que se lapidem as adúlteras. Qual sobre isso a tua opinião?” — Diziam isto para o tentarem e terem de que o acusar. Jesus, porém, abaixando-se, entrou a escrever na terra com o dedo. — Como continuassem a interrogá-lo, ele se levantou e disse: “Aquele dentre vós que estiver sem pecado, atire a primeira pedra.” — Em seguida, abaixando-se de novo, continuou a escrever no chão. — Quanto aos que o interrogavam, esses, ouvindo-o falar daquele modo, se retiraram, um após outro, afastando-se primeiro os velhos. Ficou, pois, Jesus a sós com a mulher, colocada no meio da praça.
Então, levantando-se, perguntou-lhe Jesus: “Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou?” — Ela respondeu: “Não, Senhor.” Disse-lhe Jesus: “Também eu não te condenarei. Vai-te e de futuro não tornes a pecar.” (S. João, 8:3 a 11.)2
Quando meu cérebro insiste nos preconceitos, nos estereótipos, por parecerem tão verdadeiros, eu lhe pergunto: Será? Será que estou vendo tudo? Ou só a ponta do iceberg? E se for, será que eu faria diferente? Faria melhor? Estou sem pecado e posso atirar a primeira pedra? Em outras palavras, é saudável exercitar a flexibilidade, a humildade e o “nivelamento” (não sou melhor nem pior do que o outro).
A atitude de confiança também é muito importante para o acolhimento. O ser humano sempre busca fazer o melhor, dentro de suas possibilidades, de sua bagagem. A aceitação do outro como ele é faz com que se sinta bem, confiante em estar comigo, na Escola de Pais, no Centro Espírita.
Desta forma a Escola de Pais pode ser um espaço onde todos (dirigentes, inclusive) podem ampliar sua bagagem. De acordo com a andragogia (ciência que estuda como os adultos aprendem), os adultos são motivados por aprender coisas “úteis”, que possam ser aplicadas em sua vida cotidiana.
Todos estes aspectos (respeito, confiança, aceitação…) contribuem para a acessibilidade atitudinal, facilitando a entrada e permanência das pessoas na casa espírita.
Estas são algumas reflexões que considero importantes. São úteis para você? Espero que sim.
Um abraço fraterno e feliz 2025!
Maria Filomena C. Lopes
Equipe de apoio à Evangelização Infantil – AEE
Referências:
1 Conceituação geral de acessibilidades, capítulo 3, in A perspectiva inclusiva na Evangelização Espírita – FEB.
2 KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, Capítulo X — Bem-aventurados os que são misericordiosos, item 12 (O Evangelho segundo o Espiritismo > Capítulo X — Bem-aventurados os que são misericordiosos)