Busquei liderança; achei literatura
Busquei liderança; achei literatura
Durante o Encontro de Evangelizadores deste ano, ao visitar a livraria, me deparei com um livro, Empatia – por que as pessoas empáticas serão os líderes do futuro?1 Imediatamente pensei no Aprimoramento de dirigentes de Evangelização Infantil, que vai acontecer no início de 2026. Não pude deixar de adquiri-lo e, mesmo com tantos outros livros para ler, iniciei a leitura dele.
O autor, Jaime Ribeiro, conforme consta numa das orelhas, …É membro da ONG Fraternidade sem fronteiras, onde realiza um projeto com ênfase no desenvolvimento da fraternidade e empatia nas crianças e jovens, para mudar a realidade de acesso à educação daqueles que vivem em extrema pobreza na África subsaariana.
Conforme fui lendo, percebi que a “utilidade” do livro vai além da temática da liderança. Com uma linguagem acessível e diversos exemplos de sua própria experiência, o autor apresenta um texto muito pertinente para a Escola de Pais e também para a formação continuada de evangelizadores.
Dentre todos os capítulos, gostaria de destacar um, A leitura como prática da empatia. Nele, Jaime conta sua experiência com a leitura de livros a partir de seus 11 anos, especialmente o livro Tonico e Carniça, de José Rezende Filho. O personagem Carniça é uma criança que vivia em situação de rua, trabalhando desde os 6 anos de idade, em meio a uma sociedade que impunha todo tipo de violência contra as crianças que viviam naquela realidade. (pág. 102).
Mas o que a leitura de literatura tem a ver com empatia? De acordo com o autor:
Quando vivenciamos a vida de outras pessoas, por meio da leitura, podemos nos imaginar em sua posição. Isso nos permite compreendê-las melhor e cooperar com elas de uma forma mais efetiva. (pág. 104)
O autor relata uma situação ocorrida com uma amiga, professora. Ela trabalhava numa conceituada escola, onde estudavam crianças da classe média alta carioca. Em sua turma havia um menino que já havia vivido em situação de rua, antes de ser adotado. Quando os colegas souberam de seu passado, começaram um processo de bullying contra ele. A professora fez tudo o que estava ao seu alcance, sem sucesso. O menino adoeceu e ficou duas semanas afastado.
A professora pediu ajuda para Jaime, que lhe sugeriu uma atividade de leitura, como um clube do livro. Todos os alunos leriam Tonico e Carniça. Após, fariam um bate-papo com comentários sobre a leitura, incluindo a técnica de inversão de papéis, com as crianças se colocando no lugar dos personagens do livro.
Quando o aluno voltou da licença, encontrou um mural com bilhetes de boas-vindas, abraços calorosos…
Após o exercício da leitura, as crianças do sexto ano passaram a ser intolerantes ao bullying, ajudando a escola a cultivar a empatia como referência comportamental entre os alunos. (pág. 109)
Há ainda, neste capítulo, indicações do que se pode fazer para incentivar a leitura entre as crianças, e reflexões a respeito do espaço que as mídias sociais vem ganhando na vida da sociedade.
Você, que me lê, deve estar pensando: o que tudo isto tem a ver com a Evangelização Infantil? Então conto a vocês uma experiência que vivi na casa espírita onde fui voluntária. A Evangelização Infantil tinha uma “biblioteca” para as crianças, com livros espíritas e não espíritas, estes com temáticas relacionadas a nossa programação de aulas. Estes livros eram expostos durante o tempo de espera e dos passes, que aconteciam antes da Evangelização. Nesse momento, pais e filhos ficavam juntos, no salão. As crianças podiam pegar os livros para olhar e ler, e os adultos faziam a mediação de leitura para os menores (não necessariamente para seus filhos, apenas). Os livros também eram emprestados, muitos utilizados para o Evangelho no Lar.
As crianças aprendem com os exemplos dos adultos. É bom que, em família, haja oportunidades para ler, haja livros e pais que leem juntos. Mas, em sociedade também se vive e se aprende. E a Evangelização Infantil pode ser uma parte da comunidade de leitores.
Você já “viveu” a vida de algum personagem de literatura? Qual? Se quiser compartilhar, ficarei feliz em ler seu comentário.
Maria Filomena C. Lopes
Equipe de Apoio à Evangelização Infantil
Referência:
1 RIBEIRO, Jaime. Empatia – por que as pessoas empáticas serão os líderes do futuro? 1ª edição, São Paulo, Intelítera Editora, 2018. Disponível em:
https://www.aliancalivraria.com.br/empatia-porque-as-pessoas-empaticas-serao-os-lideres-do-futuro


