“A Gênese do bebê – ciência e espiritualidade na educação”
Hoje, excepcionalmente, publicamos a coluna “Formação Continuada”. Confira a resenha do livro:
“A Gênese do bebê – ciência e espiritualidade na educação”
Nestes vários anos trabalhando com a Evangelização Infantil, trabalhei com todas as turmas e idades. Porém, foi no maternal que sempre me realizei. Receber os pequeninos todas as semanas, sentir seus bracinhos ao redor do meu pescoço, quando conquistava a confiança deles, tudo isso não tem preço.
Com o tempo, comecei a perceber que a faixa etária das minhas crianças foi diminuindo cada vez mais, até que três anos atrás me deparei com uma turma de dezoito crianças, das quais apenas uma tinha dois anos e duas com idades entre um ano e dois anos. As quinze restantes eram todas bebês de até um ano.
Com essa nova realidade, percebi que tudo que havia preparado para as crianças até aquele dia não serviria para o público que ora se apresentava em minha sala. E comecei a me questionar: “Como trabalhar com essas crianças, que apesar de tão pouca idade, são espíritos imortais, com toda a sua bagagem espiritual?”.
Passei a pesquisar intensamente sobre o assunto e conheci o trabalho realizado pela Cíntia Vieira Soares, autora do livro acima citado e referência no assunto nacional e internacionalmente. Ela, juntamente com Sheilla Passos, criou a “Evangelização de bebês”, dando novos direcionamentos e melhor orientando as ações para esse público em específico.
Assim, comecei a ler suas inúmeras obras e este livro em específico, “A Gênese do bebê – ciência e espiritualidade na educação”, me cativou, por trazer fatos e dados à luz da ciência, não apenas da religião.
A autora começa trazendo uma reflexão sobre como somos co-criadores perante Deus enquanto evangelizadores, e a importância de conhecermos todo o processo evangelizador que deve envolver uma criança. E que para termos completo domínio sobre todo esse processo, é fundamental o estudo, principalmente no tocante a evangelização de bebês.
Cíntia afirma logo no início que seu livro “a Gênese do bebê traz a interface da ciência e da espiritualidade na educação a partir de reflexões aprofundadas sobre o bebê, suas aprendizagens, relações e interações em diálogo com seus conteúdos internos trazidos de experiências anteriores, tendo como fundamento básico a doutrina espírita em seu tríplice aspecto”. (pg.18)
A autora ainda conta como ocorreu a evolução das pesquisas acerca da educação infantil, relativamente à fase entre zero e seis anos. Fala ainda que, com o lançamento do documentário “O começo da vida”, foi imediato o interesse e busca por maiores informações para fortalecer a evangelização destes pequenos, uma vez que este documentário foi o primeiro com um rico material de pesquisa científica acerca do assunto.
Em seu primeiro capítulo, a autora nos presenteia com diversas informações científicas que, atreladas a comentários da Doutrina Espírita, reafirmam que esta primeira infância, até os sete anos de idade, é o momento mais propício para o espírito assimilar princípios educativos. Em um grande alerta, a autora ainda fala da importância da experimentação direcionada nas aulas de evangelização de bebês, por meio de recursos didáticos apropriados que ativem as percepções e emoções de forma marcante, tendo em vista as conexões cerebrais que o bebê faz nestes momentos.
Ela ainda afirma que “O cérebro emocional assimila o conteúdo doutrinário proposto de forma sensorial e perceptiva, construindo sua memória espiritual ao longo das experiências possibilitadas no ambiente evangelizador. Portanto, a evangelização de bebês não tem sentido metafórico”. (pg. 29).
Cíntia faz um alerta sobre a necessidade dessa experiência ser marcante, devendo haver sua vinculação com o sentimento, possibilitando o seu arquivamento no espírito do bebê.
Neste sentido, o brincar toma papel fundamental, por ser o principal método utilizado pela criança nesta primeira infância. Contudo, se trata aqui de um brincar direcionado e intencional, com planejamento pedagógico muito firme, tendo sempre em vista o contexto doutrinário a ser compreendido em cada aula, de forma a possibilitar o alcance dos objetivos doutrinários propostos para a aula.
O ambiente evangelizador deve ser rico e lúdico, sem se tornar um parque de diversões do Centro Espírita. Cada objeto ou recurso escolhido deve ter um propósito específico na aula, objetivando o cumprimento da atividade proposta, de forma congruente com a fala e a postura do evangelizador, que sempre devem estar carregadas de significados espirituais reais, pois evangelizar é despertar o espírito para a verdade.
Em seu capítulo 02, a autora traz a importância dos pais como auxiliares neste processo, uma vez que, como bebês, os alunos precisam estar devidamente acompanhados nas aulas.
Fala também sobre a mudança que ocorre em uma família com o nascimento de um bebê e como são importantes as vivências desde a gestação do bebê. Que o bebê desde a barriga já assimila emoções, sentimentos que carrega para toda a sua encarnação, deixando marcas profundas e inconscientes na sua estrutura psicológica e perispiritual.
Já no seu capítulo 03, intitulado “A Educação no Percurso Espiritual”, Cíntia traz uma reflexão sobre os espíritos que estão encarnando neste momento, muitos com extrema inteligência, mas ainda em déficit na parte moral. Destaca, assim, a evolução dos estudos sobre educação e pedagogia, revisando antigos conceitos e ideias pré-concebidas, que lançam novas luzes sobre o processo educativo de espíritos dessa faixa etária.
Nos capítulos 04 e 05 a autora faz um apanhado dessa “boa nova pedagógica” e discorre sobre a evangelização de bebês, sua importância, a postura e os cuidados que o evangelizador precisa ter para evangelizar essa faixa etária, sempre tendo Jesus como nosso modelo e guia. Afirma que “ser evangelizador é ser a própria aula. É, também, transformar-se com ela” (p.96).
Cíntia finaliza apresentando a Evangelização de bebês pelo Brasil e pelo mundo, mostrando uma aula em diversas cidades e países, com o programa, fotos, observações e trazendo suas considerações finais e uma extensa bibliografia sobre o tema.
Enfim, um belíssimo livro, leitura obrigatória para aqueles que, como eu, estão à frente de turmas de evangelização de bebês. Boa leitura a todos!
Vivian Almeida Leite de Oliveira
Centro Espírita Luz do Evangelho
Regional Centro Oeste
Referência:
Livro: SOARES, Cíntia Vieira, A gênese do bebê – ciência e espiritualidade na educação. Goiânia, GO, Editora FEEGO.