Pontes

Pontes

Muitos pais têm dificuldades de cuidar da Educação Moral dos filhos, pois podemos dizer que muitos deles também não se preocupam tanto com sua própria educação moral. Além disso, todos nós, de um modo geral, mesmo tendo ingressado na Escola de Aprendizes do Evangelho, o que pode acontecer também com alguns participantes da Sala de Pais, ainda somos, segundo as palavras de Edgard Armond, “analfabetos” em termos de Evangelho.

Assim, embora os encontros de pais não tenham por finalidade se tornar um curso espírita doutrinário, o Livro Vivência do Espiritismo Religioso nos alerta que a base fundamental destes encontros deve ser o Evangelho. Somente assim eles podem se tornar “um auxílio eficiente para o equilíbrio, a reflexão de posturas educativas, sustentando a família. ”1

Uma outa questão é que, quando as crianças entram para a Evangelização, os valores cristãos que elas começam a aprender, muitas vezes, entram em choque com os valores que são praticados dentro do lar. Desta forma: “Se a criança não encontra apoio no lar, os ensinamentos do evangelizador não encontrarão eco em seu Espírito. 2

Neste contexto, é aconselhável que os programa de aulas das salas de pais, estejam, sempre que possível, em sintonia com os outros programas da Evangelização, tanto com o objetivo de que os pais saibam o que os filhos estão aprendendo em suas aulas, quanto para que os próprios pais se esforcem para vivenciar aqueles ensinamentos em seus lares, dando assim o exemplo que irá reforçar o que foi transmitido nessas aulas.

A título de exemplo, trazemos aqui uma experiência vivenciada na Fraternidade Vinha de Luz, Regional Minas Gerais. Na programação da Evangelização Infantil havia um bloco que continha os ensinamentos de Jesus, mais especificamente, as Parábolas. Levamos também à sala de pais a possibilidade de refletir sobre estes ensinamentos, direcionando para as questões familiares.

A proposta foi adaptada de um material disponibilizado pela Federação Espírita Brasileira, que trata da Parábola do Semeador e a família. A parábola nos leva inicialmente a refletir sobre a nossa condição, como pais, de sermos semeadores, e também sobre os diferentes tipos de terreno, que podem ser representados pelos filhos, como pelas famílias de um modo geral, conforme apresentado a seguir:

Após introduzir estes diferentes tipos de terreno que podem se comparar às famílias e aos filhos, apresentamos algumas questões que proporcionaram grandes momentos de reflexões em todos os participantes: Que tipos de sementes temos semeado com nossos exemplos? Que tipo de terreno é a minha família? Por quê? Como fazer para que as contrariedades da vida não levem as nossas sementes? Como transformar um terreno pedregoso em Terra fértil? Como lidar com os filhos que representam a semente que caiu nos espinheiros da rebeldia?

As reflexões proporcionaram, em nossa avaliação, o estabelecimento de uma relação entre os conhecimentos do Evangelho e as questões práticas vivenciadas na família. Neste sentido, consideramos que é fundamental que os coordenadores e expositores da Sala de Pais façam esta ponte, que relaciona os ensinamentos do Mestre ao cotidiano dos lares. Assim, como um outro exemplo, ao tratar da Parábola do Samaritano, é importante enfocar especificamente a caridade no lar e não somente no geral. Poderíamos refletir, neste caso: O que acontece quando descemos de Jerusalém para Jericó, em nossos lares, ou seja, quando abaixamos o padrão vibratório nosso e do ambiente, com irritação, xingamentos etc.? Mas estas são questões para uma outra oportunidade…

José Arnaldo Fernandes Filho

FE Vinha de Luz

Regional Minas Gerais

1 Vivência do Espiritismo Religioso / Conselho de Grupos Integrados – 1ª edição – São Paulo: Editora Aliança, 2014, p. 76.

2  Curso de preparação para Evangelizador da Infância, 3ª edição – São Paulo: Editora Aliança, aula 12, item 3.