Não! Não gosto de fazer o Evangelho!

Não! Não gosto de fazer o Evangelho!

 

“Os Espíritos só entram na vida corporal para se aperfeiçoarem, para se melhorarem. A delicadeza da idade infantil os torna brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devam fazê-los progredir. Nessa fase é que se lhes pode reformar os caracteres e reprimir os maus pendores. Tal o dever que Deus impôs aos pais, missão sagrada de que terão de dar contas. Assim, portanto, a infância é não só útil, necessária, indispensável, mas também consequência natural das leis que Deus estabeleceu e que regem o Universo.”1

É espantoso o quanto as crianças tentam nos dizer sobre quando algo as deixa desconfortáveis e não nos atentamos aos sinais e dicas diretas. Simplesmente ignoramos como se fosse apenas um comportamento inadequado, ou julgamos ser algo passageiro, palavras mortas que não irão causar nenhum dano a ninguém. Será?

A criança é simples, sincera, tem a pureza no coração, precisa ser ouvida, ser respeitada e acolhida. Às vezes os adultos tendem a supor que por estar frequentando a Evangelização Infantil, a criança irá entender a leitura de textos do evangelho. Ledo engano.

Por mais complexo que possa parecer o tema abordado nas aulas de Evangelização Infantil, ele é devidamente estudado e adequado para o entendimento da criança.

Por isso é importante que pais e responsáveis esclareçam seus filhos, de forma amorosa, sobre o culto do Evangelho no Lar, os benefícios que traz: harmonia, respeito, mudanças que ocorrem na própria família.

Na aula sobre Evangelho no Lar, após a prece, continuamos com uma divertida dinâmica para despertar a curiosidade das crianças.  Fizemos uma caça ao tesouro, com dicas e pistas em forma de charadas e, ao final, encontramos o grande tesouro: o livro O Evangelho Segundo o Espiritismo.

Revelei o tema da aula, O Evangelho no Lar, e quando cheguei à pergunta chave:

– Você gosta de fazer o Evangelho no Lar?

A maioria respondeu que sim. Três crianças foram categóricas em responder:

 – Não gosto de fazer o Evangelho no Lar! Meu pai me obriga a fazer, aquela leitura demora muito e não entendo por que fazer isto!

Confesso que essas palavras me impactaram, no primeiro momento, frases sinceras ditas por crianças que experimentavam uma vivência sem o menor sentido para elas.

Por um instante me recordei, como evangelizadora, de todo entusiasmo na elaboração da aula, o cuidado com o conteúdo, a pesquisa do material, o estudo prévio do tema e todo planejamento, que tinha como um dos objetivos propostos, a contribuição com a prática do Evangelho no Lar.

Precisava agir… Esta foi uma daquelas ocasiões “Pense rápido!”.

A melhor estratégia naquele momento foi fazer uma intervenção de forma lúdica, através do diálogo com a turma, a fim de pontuar a melhor maneira de ajudar essas crianças a entenderem o Evangelho no lar.

Imediatamente me transformei em uma repórter, com direito a um microfone e uma câmera imaginária. As crianças entraram na brincadeira e, de uma maneira divertida, descobrimos um pouquinho mais sobre o porquê deste sentimento que pairava no ar.

A entrevista foi um sucesso, conseguimos identificar quais pontos precisavam ser esclarecidos com as crianças e principalmente o que precisava ser trabalhado com os pais e responsáveis.

Feito isto, retornamos à sequência da aula, que era a realização do Evangelho, na prática, passo a passo, pelas crianças.

Explicamos cada item do roteiro para realização do Evangelho; a escolha do dia e horário, a prece, a água fluidificada, as vibrações e apresentamos o livro infantil Meu Pequeno Evangelho – Turma da Mônica.2

Foi nítida, a expressão de satisfação, nos rostinhos das crianças, durante a atividade. Fizemos a leitura, os comentários relacionados ao dia-a-dia das crianças e encerramos com as vibrações e a água fluidificada.

Será que quando realizamos o Evangelho no Lar, estamos conduzindo as crianças até Jesus?

Os pais são exemplos, são espelhos, as crianças estão atentas às suas atitudes. Não existe um tempo adequado para aprenderem sobre Jesus, desde o ventre os pequenos podem e devem participar do Evangelho no Lar.

É importante termos consciência de que os filhos estão crescendo, se desenvolvendo e absorvendo todos os ensinamentos vivenciados em seu cotidiano. Proporcionar a eles momentos agradáveis em contato com os ensinamentos de Jesus fortalece o despertar. É uma continuidade, no direcionamento da construção moral e espiritual das crianças.

Assim como tivemos e ainda temos uma jornada em nossa caminhada rumo ao entendimento da Doutrina Espírita, a criança também passa por todo um trajeto durante seu crescimento. Cabe à família acompanhar suas fases de desenvolvimento, apresentando Jesus de acordo com sua capacidade de compreensão e entendimento.

E foi neste dia que antecipamos a introdução do Projeto Evangelho no Lar, que trouxe um retorno bem positivo para as crianças e continua fazendo a diferença em suas vidas. Algumas famílias adquiriram o livro O Evangelhinho Segundo o Espiritismo3. Aprenderam que o Evangelho com as crianças precisa ser adequado a elas, quanto aos conteúdos, ao tempo e aos comentários. E que os filhos podem e devem ter participação ativa no Evangelho no Lar.

“Compreendei que, quando produzis um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir; inteirai-vos dos vossos deveres e ponde todo o vosso amor em aproximar de Deus essa alma; tal a missão que vos está confiada”.4

 

Silvia Maria dos Santos Amâncio Ribeiro

CE Luz do Caminho – CELUCA

Regional Vale do Paraíba

 

Referências:

¹Allan Kardec – O Livro dos Espíritos, questão 385

2RIVAS, Luis Hu, MITCHELL,  Ala. Meu pequeno Evangelho, Ilustrações: Mauricio de Sousa, Editora Boa Nova.

3BERGALLO, Laura, O Evangelhinho Segundo o Espiritismo, 1ª edição, São Paulo, Editora Lachatre, 2020.

4Allan Kardec – O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XIV, item 9.

 

Você pode encontrar o livro Meu pequeno Evangelho na Distribuidora e Editora Aliança:

https://aliancalivraria.com.br/produto/103317/meu-pequeno-evangelho–infanto-juvenil