Oi, amiguinhos! Alguém aqui já andou de ônibus? Hoje fui na cidade de ônibus com minha mãe Lulu.
Tinha tanta gente! Estava cheio, não tinha lugar para sentar. Minha mãe falava:
– Segura! Segura, menina! Vai cair!
– Como segurar? Onde mãe? Não alcanço o ferro. Opa!
Quase caí, mas segurei no vestido dela. Havia um monte de vovozinhas quase caindo também e as pessoas não davam o lugar para elas sentarem. – Será que ninguém aqui tem vovó em casa? – Pensei.
Eu tenho vó, lá na roça. Outro dia ela me levou para pescar, não gostei não. A gente não pode falar, nem cantar, tem que ficar bem quietinha para o peixe vir.
Quando o ônibus parou, uma mulher levantou e me disse:
– Senta aqui, menina. – E desceu.
Eu não quis, chamei uma vovó e dei o lugar para ela. Segurei na minha mãe e o ônibus andou.
A cidade estava linda, toda enfeitada para o Natal! Gente, minha mãe não pode ver uma loja que já vai entrando. Minha perna ficou doendo, estava cansada de andar e ela queria ver tudo!
– Quero ir embora! – Reclamei.
Depois de muito tempo, meu pai foi buscar a gente de carro.
Cheguei em casa, ufa! Entrei correndo e deitei no sofá. Ah! Que delícia! É aqui que vou ficar. No cantinho da sala está o presépio, que ajudei a montar. Mas a gente não pode colocar Jesus, ainda! Só no Natal, quando for meia-noite, minha vovó Inácia me ensinou.
– Rebeca! – Chamou meu pai. – Anda, menina, vem ajudar a pegar as bolsas no carro!
– Já vou!
Fui arrastando o pé… Porque tem tanta coisa no carro! Acho que minha mãe exagerou, comprando presente pra todo mundo, menos para Jesus. O presente para Ele é diferente. Meu pai disse que tem que ser algo nosso, uma coisa especial.
Fiquei pensando, o que posso dar? O que tenho de especial é só minha boneca… E não posso dar.
Acabei de ajudar. Chegou a hora de dormir…
Dali a pouco minha mãe me chamou:
– Acorda, Beca! Levanta! É quase meia-noite.
Pulei da cama e abri a janela. Nossa! Já era noite e o céu estava cheio de estrelas. Troquei de roupa, rapidinho, nem tomei banho. Dormi demais, por que ninguém me acordou antes?
Ouvi a voz de minha avó Inácia. Fui correndo na cozinha, todo mundo estava lá conversando e comendo. Meus irmãos estavam abrindo os presentes.
– Gente! Esperem por mim! Vou colocar Jesus na manjedoura.
Corri na sala. E Jesus? Cadê Jesus? Vai dar meia-noite, tenho que colocá-lo na manjedoura! Procurei e não achei, onde está Jesus? Será que era por causa do presente? Gritei:
– Mãe, mãe! Jesus sumiu! Toma minha boneca, vem Jesus, pode pegar!
– Beca, Beca, acorda! Calma, filha… Você está sonhando.
– Mãe, Jesus foi embora! Eu não dei a boneca pra ele. Não tem Natal sem ele! – Choraminguei.
Minha mãe me abraçou:
– Foi só um sonho, filha. Jesus está aqui, ele não nos abandona.
– Você acha, mãe?
– Tenho certeza! Sei que você ama Jesus, filha. Seu amor é um presente precioso e Jesus ama você, também. Nunca se esqueça disso! Agora se deite e volte a dormir.
Acordei de manhã. O dia estava lindo! Ainda bem que foi um sonho. Minha avó chegou e trouxe meus primos. A festa ia começar.
À meia-noite coloquei o menino Jesus na manjedoura e entreguei meu presente a ele. Também deixei minha boneca no sofá, olhando para Jesus… Só para ficar de olho.