Mudando vidas

Mudando vidas

Hoje falarei sobre o livro A Evangelização mudando vidas1, de Lucia Moysés. Gostei de outros livros desta autora, e por isso adquiri este. Demorei para iniciar a leitura, mas terminei rapidamente, é um livro muito agradável de ser lido.

Pelo título podemos pensar que se trata de um texto teórico, apresentando a importância da Evangelização Infantil, mas na verdade é um relato de prática que não prescinde da teoria. A autora conta a história do trabalho que desenvolveu na Evangelização Infantil, juntamente com outros companheiros, na casa que frequentava, a partir de 2011. O livro foi escrito em 2013, no terceiro ano de implantação do trabalho.

Lucia inicia o livro apontando que o mundo tem passado por grandes transformações, sobretudo na área de comunicação e de tecnologias de informação, e que as crianças e jovens estão sujeitas a essas mudanças. Há quase meio século foram lançadas campanhas de Evangelização que incentivaram os centros espíritas a desenvolverem este trabalho junto às crianças e jovens. Para tal, a FEB ofereceu capacitação e diversos subsídios. Este trabalho de grande valor “não permite que nos acomodemos ante as mudanças que estão ocorrendo” (p. 18).

O primeiro passo para a implantação das mudanças foi a discussão sobre e o estabelecimento de uma equipe. “Agrupamento não é equipe” (p.22). Valores como a amorosidade, os laços fraternos, o trabalho colaborativo e liderança compartilhada foram alvo de reflexões e de tomada de atitudes.

Um dos assuntos que mais chamou minha atenção é a forma de planejar o trabalho sem seguir um programa. Esta ideia parece ser tão chocante! Lucia Moysés esclarece sobre representações sociais para que nós, leitores, possamos entender a dificuldade que é mudar algo que parece a própria realidade, a verdade.

Mas, por que não seguir um programa? Um programa predefinido, inflexível, deixa pouco ou nenhum espaço para o atendimento das necessidades do grupo de crianças e jovens.

Então não há nenhum planejamento? Há, sim. O trabalho é planejado em torno de eixos temáticos. Para cada eixo vão sendo definidos os subtemas, que podem ser desenvolvidos em mais de uma aula. Este processo é trabalhoso, exige dedicação do grupo, mas seus resultados são satisfatórios. No capítulo Sentimentos que falam por nós há depoimentos das crianças, dos jovens, dos pais ou familiares e dos evangelizadores, a partir dos quais se percebe o quão proveitoso foi o trabalho.

A autora explica que o trabalho é norteado pela Teoria Histórico-cultural, cujo expoente é Vygotsky.  Os conceitos são apresentados através de exemplos de atividades que foram realizadas, o que faz com que todos os leitores possam compreendê-los com facilidade.

Em 2007, por ocasião da comemoração dos 150 anos de O Livro dos Espíritos, ouvi Rita Foelker apresentar o Projeto Filosofia Espírita para Crianças. Um dos argumentos para o desenvolvimento deste projeto era o de que as crianças se mantêm, de modo geral, engajadas na Evangelização Infantil porque seus pais (ou responsáveis) as levam, porque estão numa idade em que não têm escolha. À medida que vão crescendo, vai ficando mais difícil esse engajamento. Isto é fácil de constatar, basta verificar o número de crianças e jovens nos três programas: Evangelização Infantil, Pré-Mocidade e Mocidade. Segundo Rita, é necessário que se trabalhe o pensar (a filosofia). E não simplesmente atividades de reprodução de ideias prontas, desenhos para colorir…

Nos diversos eventos em que ouvimos evangelizadores escutamos queixas e justificativas. As crianças não querem frequentar, o material de apoio é fraco, é difícil competir com a internet, as crianças só vêm pelo lanche…

É cada vez mais urgente o estudo e a preparação do evangelizador. Não nos cansamos de dizer que a infância é o melhor período para o aprendizado do Espírito reencarnante, conforme vemos na questão 383 de O Livro dos Espíritos (a única que sei de cor):

Qual, para este, a utilidade de passar pelo estado de infância?

“Encarnando com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo.”2

O livro A Evangelização mudando vidas merece ser estudado pelas equipes de Evangelização das casas e das regionais, por trazer luz a estas questões tão prementes.

Maria Filomena C. Lopes

Equipe de apoio à Evangelização Infantil

 

Referências:

1 MOYSÉS, Lucia, A Evangelização mudando vidas. 4ª reimpressão, maço de 2019, Capivari, SP, Editora EME

2 O Livro dos Espíritos > Parte segunda — Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos > Capítulo VII — Da volta do Espírito à vida corporal > A infância. (último acesso em 23/11/2024)