Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem. (Mateus 7:13,14)
Nas atividades da sala de pais podemos e devemos trabalhar também os conhecimentos do Evangelho, pois contribuem, e são parte importante do processo de Evangelização do Ser e do Lar. Entretanto, é necessário termos o cuidado de não transformar estas atividades em aulas da Escola de Aprendizes. Desta forma, as reflexões propostas na sala de pais, versando sobre o Evangelho, devem ser voltadas para as situações do lar, da vivência em família, mas sem a obrigatoriedade de busca da reforma íntima, embora esta ocorra em alguma medida.
Além disso, é importante ressaltar novamente, como já foi dito em outra oportunidade, quando as crianças entram para a Evangelização, os valores cristãos que elas começam a aprender, muitas vezes, entram em choque com os valores que são praticados dentro do lar. Desta forma: “Se a criança não encontra apoio no lar, os ensinamentos do evangelizador não encontrarão eco em seu Espírito.”1
Vejamos, por exemplo, como abordar a passagem do Evangelho acima. Podemos refletir com os participantes sobre como a porta larga dos prazeres fáceis e dos gozos leva à dor e ao sofrimento, quando buscamos satisfazer os prazeres gerados pelo egoísmo e pelo orgulho, mas sem necessariamente aprofundar com eles sobre estes sentimentos defensivos.
Podemos levar a meditar, no nosso caso, como pais, que muitas vezes, por egoísmo, nos esquecemos das obrigações que Deus nos entregou ao confiar a nós os seus filhos, pois na verdade são filhos Dele. Podemos assim, chegar à conclusão de que a tarefa de pais exige de nós escolhas e muitas vezes renúncia. Dentro desta lógica, podemos estabelecer uma comparação entre atitudes que refletem a escolha da porta estreita e atitudes que refletem a escolha da porta larga. Por exemplo: é mais fácil assistir a um programa de TV para diversão do que ler um bom livro que nos auxilie na educação dos nossos filhos.
A partir daí podemos aproveitar para estimular a partilha da vivência dos participantes e questionar:
Alguém já teve oportunidade de ler um livro que auxiliou na educação dos filhos? O que foi possível aprender? Como foi o processo de aplicação do conteúdo do livro?
Quando tratamos da porta estreita é importante destacar também que não significa que a Doutrina Espírita nos proíbe de realizar algumas coisas. O que ela faz é nos esclarecer e respeitar o nosso livre-arbítrio, lembrando, como nos diz Paulo, que: tudo me é lícito (permitido), mas nem tudo me convém2.
Trata-se, portanto, como foi dito, de escolhas. Devemos assim nos perguntar se determinadas atitudes valem a pena. (Valeria colocar em risco a harmonia do nosso lar, casamento e filhos, por prazeres fugazes?)
Cabe então a cada um escolher os valores morais para nossas vidas, procurando lembrar que os valores da porta larga podem nos levar a ficar sem rumo e deixar os nossos filhos também sem referência.
Podemos ainda levar os pais a refletir sobre os ensinamentos da porta estreita para os filhos. Como pais, às vezes temos uma tendência a exercer certa “superproteção” para com os nossos filhos e queremos muitas vezes, evitar que eles passem por maiores dificuldades. Neste sentido, é muito comum alguns pais dizerem que gostariam que os filhos tivessem tudo aquilo que eles não tiveram oportunidade de ter. Podemos pensar tanto em termos das preocupações com as questões financeiras e materiais, quanto em relação às questões espirituais.
As reflexões sobre este aspecto podem contribuir para orientação dos pais e levar a alguns questionamentos, como por exemplo:
Até que ponto a busca da satisfação imediata dos desejos de nossos filhos pode significar encaminhamento para a porta larga?
Como mostrar para os nossos filhos que tudo o que temos é adquirido com esforço? Temos conseguido demonstrar isto?
Em relação ao aspecto espiritual, como pais devemos também mostrar para nossos filhos a importância do esforço na busca da espiritualização. E, da mesma forma que não permitimos que nossos filhos faltem à aula porque sabemos que é importante para o seu futuro, devemos mostrar a eles a importância de ir à evangelização como um compromisso a ser cumprido. Nesta linha de pensamento, as reflexões propostas aos pais poderiam ser encaminhadas por questões semelhantes a estas:
Como podemos fazer para demonstrar aos nossos filhos a importância de nos esforçarmos para conhecer e aprender sobre o Evangelho de Jesus?
Como pais, o que temos feito para demonstrar a importância do esforço neste sentido?
Por fim, podemos ressaltar também a importância de nós, Evangelizadores, perseverarmos nos nossos esforços, seja nas turmas das crianças, seja na sala de pais. Lembrando que o próprio Jesus nos recomendava perseverar até o fim.
José Arnaldo Fernandes Filho
FE Vinha de Luz
Regional Minas Gerais
Referências:
1 Curso de preparação para evangelizador da infância, aula 12, editora Aliança.
2 1 Coríntios, 6:12
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