Rebeca e a bala verde

Rebeca e a bala verde

Olá, amiguinho! Sou a Rebeca, mas pode me chamar de Beca.

Sabe, fiquei de castigo ontem… Pensei: Não mereço isto! Fiquei triste.

Você também já ficou de castigo?

No começo não entendi porque meu pai me colocou de castigo. Acho que ele se enganou, só pode ser isto!

Vou contar só para você o que me aconteceu e você vai ver como eu estava certa… ou será que estava errada? Hum… Depois você me conta.

Como disse, sou a Beca. Aqui em casa todo mundo me chama assim. Sabia que eu tenho um monte de irmãos? Bom, tenho mais seis irmãos. É muita gente! Mas é gostoso ter com quem brincar. Gosto muito de brincar de boneca, de pular corda, subir na árvore… Sabia que no quintal da minha casa tem um pé de laranja?

Mas a laranja é azeda, não dá para chupar não. Voltando à minha história:

Naquele dia foi tudo normal, fui à escola, encontrei aquele menino, o Théo, que vive me perturbando. Ele gosta de me provocar e quando ele me perturba conto tudo para nossa professora, a Dona Vera. A professora sempre fala que devemos respeitar os colegas. O Théo para de me incomodar, mas no outro dia… lá vem ele de novo. Ai, ai, ai, ele não aprende!

Depois da escola fui pra casa. Estudo de manhã, assim posso brincar à tarde. Só depois de fazer a tarefa. É o que minha mãe Lulu fala. Minha mãe também trabalha em casa.

Quando meu pai chega em casa já está escuro. O nome dele é Ditinho. Ele trabalha muito! Hoje ele fez uma surpresa para mim e meus irmãos: comprou um saco de balas! Tinha muita bala, que delícia!

Meu pai chamou os meus irmãos na sala e deu uma bala para cada um. Depois me chamou. Fui a última. Ele me deu uma bala e foi à cozinha.

Fiquei feliz, mas quando olhei a bala, credo que bala ruim! Ele me deu a bala verde! Não gosto, ela é azeda, igual a laranja do quintal… Gosto da de morango. Ela é vermelha e no saco tinha bastante.

Mas o saco de bala estava ali, na bolsa dele. Daí, pensei: Tem um monte de bala, então vou trocar pela bala vermelha.

Fui correndo pegar, mas quando abri a bolsa, meu pai apareceu e falou alto:

– Rebeca, o que você está fazendo?

Nossa, que susto que tomei! Meu coração quase saiu pela boca! Choraminguei:

– Nada, pai.

– O que é isso na sua mão?

– A bala que o senhor me deu. Eu ia trocar.

Meu pai estava muito bravo comigo e falou:

– Quem mandou você mexer nas minhas coisas? Vá para o quarto!

– Mas pai, eu não gosto desta bala, só ia trocar.

– Anda, menina, me dê essa bala e vá para o quarto agora! Você está de castigo! – disse ele.

Saí chorando e fui para o quarto, sem bala, pensando:

– Isso não é justo! Todo mundo ganhou bala, só eu fiquei sem… Só porque fui trocar a bala, ele faz isso? Fiquei triste e brava. Não era justo fazer isso comigo. Não fiz nada.

E você, amiguinho? Você também acha que meu pai se enganou?

Puxa, na hora de deitar fiz minha oração para Deus e contei tudo o que meu pai fez, pra Jesus.

Agora eu estava brava com meu pai. Fiquei sem bala, que coisa chata!

Foi bem na hora em que deitei na cama e pus a coberta, ele me chamou na sala:

– Beca, Beca! Vem cá.

Ai, ai, ai, Beca… Agora me chama de Beca. O que será que ele quer? Será que vai me dar a bala vermelha e falar que se enganou?

Fui até a sala:

– Oi, pai, o que o senhor quer?

– Vamos conversar. Você acha que fez certo? Puxa, filha, como você pode fazer isso, mexer na minha bolsa?

– Mas, pai, eu só queria trocar a bala.

– Beca, não foi certo o que fez. Você não pode mexer nas coisas de ninguém sem pedir permissão. Foi errado. Se queria trocar a bala, tinha que ter falado comigo primeiro.

Nesta hora fiquei de boca aberta! Meu pai tinha razão! Era só eu ter pedido para ele trocar a bala… Fiquei vermelha de vergonha e pedi desculpas para meu pai.

Agora entendi. Meu pai estava certo, ele não se enganou.

Dei boa noite para o meu pai e fui para o quarto. Fui rezar de novo e conversar com Jesus. Desta vez fui agradecer por ter um pai que me ensinava o que é certo e errado.

Desde este dia, nunca mais peguei ou troquei nada sem perguntar antes se posso, para alguém. Até na escola, quando esqueço a borracha, peço para minha amiga emprestar. Aprendi a lição.

                                                       Silvia Maria dos Santos Amâncio Ribeiro

C.E. Luz do Caminho – CELUCA

Regional Vale do Paraíba