Pego ou não pego?

Pego ou não pego?

Olá, amiguinhos, cheguei! Vocês se lembram de mim? Para quem não sabe, sou a Rebeca, mas podem me chamar de Beca, gosto que me chamem assim.

Alguém aqui usa óculos? Pois eu uso e vocês acreditam que comecei a usar por causa de uma bolinha de meia, preta?

 

Gente! Preciso contar, vim aqui só para isso, falar de novo do meu pai. Ele me ensina cada coisa que vocês nem acreditam. Ele e suas regras, aff.

 

Vocês sabem o que são regras? Eu não sabia, porque o meu pai fala assim:

– Beca, é isto, pronto e acabou. Às vezes ele não para para explicar, esquece que sou criança, ainda.

Mas olha só! Quando minha mãe me pede para ajudar a pesquisar receita no celular é tão fácil! Pego no celular aperto aqui, aperto ali, clico e…  Pronto! É muito rápido.  Minha mãe fala:

– Mas, Beca, você não me mostrou como se faz? Sempre digo:

– Outra hora mostro, mãe! E saio correndo para brincar no quintal.

Pensando bem, estou fazendo igualzinho ao meu pai! Puxa, não tinha pensado nisso.

Minha irmã é diferente e gosta de falar, me explica que ter regra é bom, que ajuda tudo a ficar em ordem… Igual quando minha mãe Lulu me pede para guardar as bonecas depois de brincar, tudo fica arrumadinho.

Em casa, toda vez que estou brincando e tem alguma coisa no chão, meu pai fala para pegar e guardar. Às vezes fico brava, porque nem fui eu quem derrubou, mas tudo eu tenho que pegar do chão. Que chato! Quando tem alguma coisa no chão, lá vou eu pegar…

Um dia estava passando pela sala e vi uma toalha que estava no chão. Imaginei que a toalha era um bicho, um jacaré… Dei um salto e pulei. Consegui! Saí sorrindo porque o “jacaré” não me pegou.

Dali a pouco escutei:

– Rebeca, você não viu?

Era meu pai falando. Voltei rapidinho e peguei o jacaré-toalha do chão. Quem eu não tinha visto era meu pai, isso sim.

Fui aprendendo a lição, não deixava mais nada jogado no chão. Até na escola, quando minha amiga derrubava o lápis, eu pegava.

Hoje cheguei, fui direto para o quarto. Na escola, o Theo ficou me provocando. Que menino chato! Contei até dez várias vezes. No recreio jogamos bastante bola, estava cansada.

Minha mãe chamou para almoçar. Quando passei na sala havia uma bolinha preta, de meia, no chão, vê se pode! Quem deixa uma meia na sala? Quase que peguei, mas estava com fome e passei reto. Sentei à mesa e lembrei as regras de meu pai. Pensei melhor, não custava nada pegar a meia, né?

Voltei à sala e… Acreditem! A bolinha não estava mais no chão. Que bom! Acho que meus irmãos pegaram.

De repente ouvi minha irmã gritar:

– Um rato! Mãe, mãe, corre aqui!

Que susto! Ai, que medo! Não era uma bolinha de meia, era um rato, credo!

Saí correndo para o quintal, enquanto minha mãe espantava o rato. Depois contei para ela que tinha visto uma bolinha no chão e que não peguei na hora porque estava com fome, mas ia voltar para pegar.

Minha mãe ficou preocupada.

– Como assim, você enxergou uma bola, Beca?

Ela me fez um montão de perguntas e me falou que fui protegida pelo meu anjo da guarda. Achou melhor me levar no médico de olhos, para fazer um exame.

À noite rezei para o meu anjo, agradeci por me proteger.

Você acha que continuei a pegar as coisas do chão?

Claro que sim! Agora consigo ver melhor, ganhei uns lindos óculos! Sigo as regras da minha família, só que olho muito bem o que está no chão antes de pegar, para ter certeza de que não é um rato.

E se você precisar usar óculos, use, é muito bom! Escolha aquele que te deixa feliz, tem de vários tipos: colorido, redondo, quadrado etc…

Agora que enxergo melhor vou ensinar minha mãe a usar o celular.

 

Silvia Maria dos Santos Amâncio Ribeiro

C.E. Luz do Caminho – CELUCA

Regional Vale do Paraíba