Evangelizar é espalhar

Evangelizar é espalhar

 

“Evangelizar é espalhar a fonte de felicidade que está dentro de você, dividindo suas alegrias. Será como espalhar perfumes sobre os outros e quase sempre algumas gotas acabam caindo sobre você mesmo.” (1)

 

 

As lembranças da infância que carregamos são a força motora do ciclo da vida. Sabe-se que no período da infância são construídas as bases que sustentarão o Ser no amanhã. É nesta fase que criamos as memórias afetivas que deixam marcas inesquecíveis e a partir delas é que damos um novo sentido e compreensão a determinadas situações.

 

 

Por isso, hoje faço um convite para refletir sobre a importância da inclusão e acessibilidade nos Centros Espíritas, em específico o que se refere às crianças, pais ou responsáveis com deficiência visual, que é caracterizada pela limitação ou perda das funções do sistema visual.

 

No Brasil, os dados oficiais mais recentes são do Censo 2010 do IBGE, que estima cerca de 24% da população com algum tipo de deficiência, representando mais de 45 milhões de brasileiros. Entre as deficiências mais declaradas a mais comum é a visual com 3,6%. Como ilustração pedagógica o IBGE cita que “para se ter uma ideia, se o Brasil tivesse 100 pessoas, aproximadamente 7 delas teriam deficiência motora, 5 teriam deficiência auditiva e 19 teriam deficiência visual” . Segundo a Organização Mundial da Saúde, as principais causas de cegueira no Brasil são: catarata, glaucoma, retinopatia diabética, cegueira infantil e degeneração macular.

 

Daí a importância de se levantar a reflexão nos Centros Espíritas, para promover ações que aumentem o contato desse público com a doutrina espírita. Sabe-se que muitos dos nossos irmãos com deficiência deixam de frequentar Casas Espíritas pela ausência de acessibilidade que atendam às suas necessidades, desde recursos físicos até a compreensão das mensagens trazidas na Evangelização Infantil e Escola de Pais.

Seguindo essa proposta, como Evangelizador, você já parou para pensar em preparar o espaço físico ou uma aula para receber uma criança ou adulto com deficiência visual?

Então confira algumas sugestões de ações simples que permitem fazermos a diferença:

– Compreenda que a pessoa com deficiência visual não vive no mundo isolado e escuro, pelo contrário, eles percebem o ambiente, as coisas e as pessoas, através da audição, tato, paladar e olfato;

– Fale com uma criança ou adulto com deficiência visual, dirigindo-se diretamente a ela, e não ao seu acompanhante;

– Importante que o meio de comunicação seja claro e objetivo para que todas as informações sejam transmitidas e compreendidas;

– Quando houver necessidade, indique a distância dos objetos por metro. Exemplos: a cadeira está a 1 metro à direita. Seu amigo está a 2 metros a sua frente.

– Na elaboração do material ou recurso didático estimule todos os sentidos (audição, tato, paladar e olfato). Desenvolva atividades com o uso de recurso de texto em braile, textos ampliados ou materiais com diferentes texturas. Vale salientar que, para a semeadura do Evangelho de Jesus, é imprescindível que se utilize de todos os recursos possíveis à aprendizagem;

– Busque promover trabalhos colaborativos entre as crianças ou adultos, tais como as atividades em grupo, isto possibilitará a colaboração e o amor ao próximo.

– Promova espaços físicos com a sinalização tátil em Braile ou piso com material emborrachado, com bolinhas e ranhuras;

– A Tecnologia Assistiva (2) possibilita mais acessibilidade, desta maneira, sempre que possível, disponibilize os recursos utilizados em aulas em formato digital como, por exemplo, os slides ou filmes.

 

Que esta leitura possa despertar o desejo de criar memórias afetivas com um novo olhar diante às possibilidades de inclusão, trabalhando o acolhimento e lembrando que sempre somos convidados a multiplicar o amor que inclui a todos tal qual a palavra Jesus “Nenhuma das ovelhas que o Pai me confiou se perderá”.

 

Viviane Eloy

Fraternidade Espírita Jesus de Nazaré – Itupeva

Regional Campinas

 

 

(1) Adaptado do livro “Curso de Preparação para Evangelizador da Infância” – Editora Aliança.

(2) Tecnologia Assistiva é o termo usado para identificar todo o arsenal de Recursos e Serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e consequentemente promover Vida Independente e Inclusão. (https://www.assistiva.com.br/tassistiva.html)

Referências:

Evangelho de João 6, 39

https://bvsms.saude.gov.br/13-12-dia-do-cego-2/

https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cpd/arquivos/cinthia-ministerio-da-saude

https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2021-01/dia-mundial-do-braile-chama-atencao-para-inclusao-na-escrita-e-leitura

https://cnae.ibge.gov.br/en/component/content/article/95-7a12/7a12-vamos-conhecer-o-brasil/nosso-povo/16066-pessoas-com-deficiencia.html

 

 

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