A SALA DE ESPERA
Inauguramos hoje a coluna “Evangelização e família”, com assuntos referentes à Escola de Pais. Boa leitura!
A SALA DE ESPERA
Você entra…e sons tomam conta da sala.
Enquanto se acomoda, vê.
Enquanto aguarda, escuta.
Uma canção. Duas. Três.
Às vezes, quatro.
E se preciso for, letra e tradução.
Poderia ser uma sala de espera de um consultório médico, dentista ou uma entrevista para uma vaga de um emprego, mas não é. É a sala de espera virtual da querida Sala de Pais.
Nada aleatório. Nada por acaso.
Repertório carinhosamente escolhido, pensado e, principalmente, sentido. Para abraçar e envolver os irmãos que ali adentram com uma clave de sol maior
A tarefa parece não ser tão difícil, à primeira vista. Mas, escolher uma trilha sonora com fins específicos envolve subjetividades, as suas memórias e o afeto em que se encerra. Assim como a política, o futebol e a religião, cada um tem o seu próprio gosto musical.
E, sendo assim, o cuidado do ato de escolher e o bom senso, são muito bem-vindos, senão o único padrão vibratório que poderá se elevar quando da execução da trilha sonora escolhida será a de um único ser (ou de dois, pois não tenho dúvidas de que o meu mentor espiritual dá os seus pitacos).
Mas, meus caros companheiros de jornada, coragem. Confia e segue, pois, não é verdade que estamos no trabalho na seara do Mestre pela causa que ela nos desperta e não somente pelas pessoas? E que é fundamental que toquemos primeiro em nós mesmos os sinos que nos encantam do fio de cabelo até a unha do pé, para que nos motivemos a abraçar a tarefa com o coração e a mente, como almas afins? Pois, então, essa é uma história de amor, a si e ao próximo, que tem uma trilha musical de se tocar na agulha.
E digo agulha, pois sou das antigas do vinil e muito gravei em fita-cassete as músicas preferidas (ah! Como eu adorava fazer as minhas seleções musicais).
Sobre trabalho e música, destaco que, na esplêndida obra Nosso Lar, André Luiz faz uma referência sobre a importância da música nos trabalhos da vida espiritual:
“Em plena via pública, ouviam-se, tal qual observara à saída, belas melodias atravessando o ar. Notando-me a expressão indagadora, Lisias explicou fraternalmente: Essas músicas procedem das oficinas onde trabalham os habitantes do Nosso Lar. Após consecutivas observações, reconheceu a Governadoria que a música intensifica o rendimento do serviço, em todos os setores de esforço construtivo. Desde então, ninguém trabalha em Nosso Lar sem esse estímulo de alegria.”
Música sacra, gospel, clássica. Qual a que você prefere?
Informo-lhe que o repertório escolhido é bem mais amplo. Sou eclético. Ao menos, é o que eu acho. Vou dos nomes desde os da “velha” até a “nova guarda” da MPB (Cartola, Tom Jobim, Elis, Bethânia, Roberto Carlos, Milton, Flávio Venturini, Lenine, Toquinho, Marisa Monte, Ana Vilela, Thiago Iorc), das bandas/grupos musicais (Titãs, Roupa Nova, Legião Urbana, O Rappa, 14 Bis, Pato Fu, Música em Família), até os religiosos (Elizabete Lacerda, Padre Fábio de Melo, Tim e Vanessa), das orquestradas (Oração de São Francisco, Ave Maria, Ennio Morricone), até as internacionais (Supertramp, Elton John, Queen, David Bowie), essa lista é apenas uma amostra, em verdade, ela é maior e continua crescendo.
Tão vasto é o mundo musical que a escolha se tornou um grande garimpo, com preciosidades prontas ou a lapidar (sabe aquela música que, a princípio, você nem percebe que é um verdadeiro diamante para o tema da Sala e que, quando você “olha” direito, ela está lá, brilhando, diante dos seus ouvidos, e te tocando profundamente?).
Todo esse esmero é para que as músicas selecionadas não tenham o mesmo efeito para os nossos companheiros, preletores, pais e responsáveis, daquele quando estamos na sala de espera de uma consulta qualquer: “estava tocando o que mesmo?”.
E que, desde a entrada na sala, já despertem memórias afetivas, que as letras toquem mentes e corações, impactem e provoquem a sensação de mar aberto, a auxiliar a todos na elevação do padrão vibratório do ambiente, na comunhão da prece de preparação para, depois, permitir um mergulho no tema escolhido pelo sempre querido preletor.
Não tenho absoluta certeza se o efeito é alcançado, mas já ouvi ou li comentários de alguns preletores, companheiros e pais, como: “Alegria estar aqui…As músicas me emocionaram…Não sabia que a tradução era essa…Eu já era fã dele, agora que sei a tradução, fiquei ainda mais… Que linda essa música…Você poderia me passar o nome dessa música? Poderia me passar os links das músicas…? Boa música…”
Poderíamos dizer que estou aqui a defender o meu gosto musical (confesso, já questionado), mas, no fundo, no fundo, aqui escrevo para registrar que é divino ser “DJ” da Sala de Pais e que essa busca por músicas que atendam a um propósito bem específico foi um dos caminhos para a elevação do meu próprio espírito.
E pra não dizer que não falei das flores… ainda tem o valor inestimável de alguns vídeos e, mais, de como cada item da sala de espera contribui para culminar numa prece de preparação singular…mas essa é uma outra história.
Até a próxima.
Hélio Yogi
Núcleo Assistencial Espírita Terceiro Milênio
Regional SP Leste